“Começa com aquela dor no peito de repente, que vai irradiando para o pescoço. No começo é uma dor leve, mas que vai piorando ao longo do tempo. E além de mais forte, a dor vai ficando mais constante”. Este é o relato que ouço da maioria dos pacientes jovens que chegam ao meu consultório com suspeita de infarto. E o diagnóstico é um só: artérias entupidas, muitas vezes, com obstrução acima de 70%, o que é considerado um diagnóstico grave.
Essa tem se mostrado a realidade de muitos jovens brasileiros. Está cada vez mais frequente as notícias de mortes por infarto em pessoas abaixo de 40 anos.
Um levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) mostra que, entre 2008 e 2022, o número de internações por infarto aumentou de forma alarmante no Brasil. Entre os homens, a média mensal de internação aumentou 158%. Já entre as mulheres, apresentou crescimento de 157%.
Fatores de risco para infarto em jovens
Vários fatores têm contribuído para esse cenário preocupante, sendo alguns deles mais proeminentes, como a obesidade e o frio.
O excesso de peso pode levar ao aumento da pressão arterial, níveis elevados de colesterol e resistência à insulina, tornando o organismo mais propenso a ter placas de gordura nas artérias que levam ao coração.
Além disso, o frio também pode ser outro causador. Durante os meses mais frios, as baixas temperaturas podem levar à constrição dos vasos sanguíneos, aumentando a pressão arterial e o esforço do coração para bombear sangue. Esses fatores combinados podem ser desencadeadores de eventos cardíacos graves, como o infarto.
Vemos jovens cada vez mais sedentários, com alimentação cada vez mais “enlatada” e menos “descascada”, e isso responde nossa pergunta do título deste artigo.
Prevenção é a chave para um coração saudável
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre homens e mulheres no Brasil. E não sou eu que estou falando isso.
De acordo com o Instituto Nacional de Cardiologia (INC), entre 2017 e 2021, mais de 7 milhões de pessoas morreram no país em decorrência dessas condições. Para combater essa alarmante tendência, é fundamental que medidas preventivas sejam adotadas. A prática regular de exercícios físicos é um dos pilares da prevenção, ajudando a manter a saúde do coração, melhorar a circulação sanguínea e controlar fatores de risco, como a obesidade.
Além disso, uma alimentação balanceada, rica em frutas, verduras, grãos integrais e gorduras saudáveis, e pobre em alimentos processados e com alto teor de gordura saturada e sal, é essencial para garantir um bom funcionamento do sistema cardiovascular.
O aumento alarmante de infartos em jovens é uma realidade preocupante que precisa ser enfrentada com seriedade. Condições como a obesidade e o frio têm contribuído para esse cenário, tornando a prevenção ainda mais crucial. É importante alertar que seu corpo dá sinais de que algo está errado. A qualquer dor ou sintoma desconhecido, procure um médico cardiologista. Quando diagnosticado com antecedência, é possível realizar procedimentos de cateterismo e angioplastia e diagnosticar e tratar as obstruções arteriais, evitando assim possíveis infartos futuros.
Este artigo foi produzido com informações da Agência Brasil.
Dr. Marcelo Puzzi – @drmarcelopuzzi
Médico cardiologista e hemodinamicista, especializado em procedimentos minimamente invasivos.